sábado, 1 de agosto de 2009

doomsday '08

morrer uma pessoa de h1n1 é chato, mas a possibilidade de 25% da população ser infectada é um choque. e agora sim dá-nos para pensar...e muito. pois é - acção-reacção : o pensamento só arranca quando algo me (nos) choca. está assim justificada toda a violência e pormenor quase doentio que fazem este filme.
doomsday faz-nos apreciar a destreza com que o Homem dá a volta por "cima" em momentos de crise, e a capacidade do corpo humano desenvolver anti-corpos para se proteger de ameaças (doenças). para além disso, ilustra-nos do que somos capazes (de grandes feitos sempre pensei mas tanto para o bem como para o mal). desde hipocrisia politica a canibalismo vemos tudo o que se é capaz de fazer para sobreviver neste filme.

se há coisa que assusta neste mundo são as pessoas!!


pela minha formação não consigo deixar de assinalar o muro de presença vincada nesta capa, e que irá (de)limitar toda a Escócia. (nem é tanto a ideia de limite que me entusiasma, é esta proximidade entre as duas faces da parede, e a imensa distância "prática" entre as mesmas). também por isto, e revelando certo gosto pelo insólito, uma cena de que gosto é aquela em que o cérebro de um infectado é esborrachado no vidro da porta blindada que deveria proteger o presidente britânico.

moral da historia : não atires pedras ao vizinho quando as tuas portas blindadas são de vidro!! (sim, porque as portas não fecharam a tempo de evitarem que o politico fosse infectado.)

Um comentário:

Joana D'Arq disse...

Gosto da forma como referes o muro, que mais do que uma distância física impõe um conjunto de estado psico-sensorias e emotivos muitas vezes contraditórios entre si (tanto como os dois lados do muro). medo, segurança, conforto, caos, liberdade, restrição...Mais do que a materialidade do muro é a própria simbologia do mesmo enquanto elemento de separação de dois mundos distintos.
Quando me falaste deste filme não consegui evitar associa-lo a outras circunstâncias, de forma metafórica. A segregação, o isolamento do mundo real, a divisão imposta tanto pelos muros como, menos materialmente, pela própria sociedade, potencia condições extremas, situações limite, a raiva, o ódio, a vingança. Privados de tudo o que está do lado de fora, o que lhes resta? Incontornavelmente lembro-me da Palestina. O que pode esperar o mundo de um povo encerrado há dezenas de anos, privado de tudo o que um dia foi seu, de uma terra, de uma casa, de uma vida normal, privado do direito à identidade, à dignidade, ao contacto com o mundo, privado do direito de se defender ou simplesmente de existir? De quem é a culpa quando, como «o outro», se entregam para voluntariamente se entregam para sofrer a morte?! Deles? Ou daqueles que levantaram o muro...? Talvez daqueles que assistiram ao seu erguer e continuam a assistir todos os dias às suas consequências sem dizer uma palavra...
E como este, tantos casos...
Obrigada pelo post...